De olho nos sinais de mudança do mercado de trabalho

A corrida pelo desenvolvimento e pelo acesso às novas tecnologias para obter ganhos de produtividade, melhorar a performance dos profissionais e tornar os processos de inovação mais eficientes e bem-sucedidos vem ocorrendo ao mesmo tempo que as empresas buscam qualificar seus profissionais para atuar nesse contexto.
A desigualdade com que as organizações brasileiras acessam as novas tecnologias – e as aproveitam plenamente para impulsionar a inovação –, a eficiência operacional e a competitividade no mercado também são fatores relevantes para analisar a capacidade do país e das organizações de acompanhar essas e outras mudanças em curso.
Maturidade digital das micro e pequenas empresas (MPEs)
O nível de maturidade digital em uma empresa pode ser avaliado por diferentes indicadores, que abrangem desde a presença on-line e a implantação de sistemas operacionais até a implementação de estratégias avançadas de análise de dados e automação de processos. Apesar de diferentes razões influenciarem o nível de maturidade, é inegável que organizações com mais recursos têm acesso mais rápido a novas tecnologias, por isso podem alcançar níveis de maturidade digital mais altos.
O Mapa da Digitalização das MPEs Brasileiras 2022, elaborado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aponta que a média da maturidade das micro e pequenas empresas brasileiras em 2022 teve aumento de aproximadamente 4% em relação ao ano de 2021, conquistando 48,25 pontos de um total de 100.
Insights da pesquisa
Vale destacar alguns insights importantes gerados pela pesquisa. Um deles é o aumento do número de empresas que pretendem aumentar o uso de dados para a tomada de decisão, passando de 33,9% para 40,9% em comparação com o ano anterior, sinalizando o reconhecimento do fator estratégico dos dados para a gestão dos negócios. Também indica uma demanda de mercado por profissionais qualificados, assim como a necessidade do desenvolvimento de competências voltadas para o trabalho com dados.
Em relação à implementação de sistemas para digitalização, como ERP (Enterprise Resource Planning – em tradução livre, Planejamento de Recursos Empresariais) –, CRM (Customer Relationship Management – em tradução livre, Gestão de Relacionamento com o Cliente) – e análise de dados, nota-se uma redução na intenção de investimento das empresas (de 31% para 29,7%). Paralelamente, no quesito Contratação de Pessoal Especializado para Ampliar a Presença Digital, houve uma queda de 18,6% para 17,3%. A redução nos investimentos em transformação digital e na contratação de profissionais especializados sugere um deslocamento de prioridades nos investimentos e pode apontar para uma estabilização da demanda por profissionais especializados em TIC.
Os resultados podem indicar ainda o surgimento de novas demandas por profissionais ou novas competências associadas à Revolução 5.0, já presente no cenário econômico brasileiro.
Desdobramentos da Revolução 5.0
A Revolução 5.0 busca integrar grandes avanços tecnológicos, um processo de humanização das organizações, o atendimento de questões sociais e ambientais latentes e a personalização dos serviços ao cliente. De acordo com os especialistas, a revolução 5.0 é um desdobramento natural da configuração da economia e da sociedade que a precederam.
Defende-se que a Revolução 5.0 tem um grande potencial para mudar o mundo que conhecemos hoje. O trabalho integrado entre profissionais e as tecnologias, bem como a inclusão e a sustentabilidade incorporadas no cotidiano de todas às áreas e nos processos das organizações, orientados por uma mudança no mindset de gestores, colaboradores e consumidores, são as macrotendências apontadas pelos especialistas.
Nesse sentido, a demanda por especialistas em TIC (Tecnologia da Informação) vem dando lugar à demanda por profissionais com conhecimentos sobre tecnologias e com capacidade de se apropriar dos benefícios que elas podem gerar para o desempenho no trabalho. Vale relembrar a sinalização positiva do mercado para a gestão orientada por dados, que contribui para a personalização dos serviços, demandando qualificação de profissionais.
É latente também a demanda pelo desenvolvimento de competências socioemocionais em um contexto de trabalho colaborativo (entre equipes, departamentos e entre tecnologia e humanos), plural e criativo.
Escuta ativa do Senac
Em resposta a esse contexto, por meio de um canal de escuta de mercado, o Senac reuniu grandes players para compreender os impactos dessas transformações no mercado de trabalho de TICs e, assim, mapear os novos perfis e competências profissionais demandadas. A partir dessa escuta, atualizou seu portfólio de curso e suas trilhas formativas, e estabeleceu parcerias importantes que contribuem para a formação dos alunos e certificam para uma melhor inserção no mercado de trabalho.
Em 2022, foram entregues ao mercado de trabalho quase 12 mil alunos aprovados. Em 2023, esse número já superou o total de 16 mil. Entre os tipos de cursos mais ofertados estão os cursos técnicos, seguidos pela oferta de Aperfeiçoamento e Qualificação Profissional
O trabalho não parou por aí, em 2023, mais de 100 organizações foram ouvidas pelo Fórum Setorial de Gestão e Negócios. A análise dos resultados já está subsidiando as equipes dedicadas à atualização do portfólio de cursos e dos itinerários formativos. Os resultados parciais já podem ser consultados em nosso site.
Considerações finais
Em um mundo de constantes e rápidas transformações, é essencial que os profissionais adotem a mentalidade do lifelong learning (aprendizado contínuo) para que estejam preparados para enfrentar os desafios da era digital e aproveitar as oportunidades oferecidas por seus desdobramentos. A capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças, de trabalhar de forma colaborativa e utilizar as tecnologias de forma eficaz será fundamental para o sucesso dos profissionais no mercado de trabalho em constante transformação.
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